domingo, 22 de maio de 2011

 Ele se foi, e ela permitiu-se ser feliz. Buscou felicidade nos passos da dança, nas aventuras da literatura, na arte da escrita, nas ondas da música, sem nada encontrar. Dispensou segredos, aceitou bebidas, cigarros, filmes sem conta. Até tentou um ou dois namorados, mas ali não  havia nada também. Decidiu, então, que o não fazer e a solidão eram a mais fina forma de felicidade, e assim seguiu.
   Se nada faltava, por que esse sentimento indefinido a corroía?
   Cansou-se de procurar respostas. A arma disparou no dia seguinte. A morte era a felicidade.

domingo, 15 de maio de 2011

  E por que eu deveria confiar em você, conversar com você? São dois estranhos vivendo numa casa, quatro paredes insuportaveis, uma jaula que parece diminuir a cada maldito dia que passa. Eu estou tentando tanto, é visível, mas e quanto a você? O que irá fazer a respeito disso? E dessa vez, eu falo sério. Estou cansada de não sentir nada, ou de sentir demais. Se essa história não tiver fim, o fim será nosso. Nós pereceremos. Não precisamos nos destruir... Basta de mortes e mortes e mortes, todos os dias, todas as horas. Mal conseguimos nos olhar, e arrependimento sincero não vai mudar a situação. Essa relação é nosso veneno, baby. Estragou-nos, acabou com quem éramos. E éramos tão bons! Não havia lutas invisíveis, havia somente a rotina, que era boa conosco. Havia somente a procura pela paz, não essa guerra interminável, em que ambos perdem. Não haverá vencedores. 
 Será que morremos no momento em que nos conhecemos? No maldito momento em que nos tocamos? 
 Será que estamos mortos, pesos na terra, enquanto outros querem viver?

domingo, 8 de maio de 2011

Imaginary

No meu campo de flores de papel


E doces nuvens de canções de ninar



Eu minto dentro de mim mesma por horas



E assisto meu céu roxo voar sobre mim

domingo, 1 de maio de 2011

... Passava os dias presa dentro de mim mesma, fugindo de toda a liberdade que eu tinha conseguido. E a dor não passava, nem as lembranças. E todos as noites, quando a insônia me vencia e eu levantava da cama para tomar café, me perguntava o que estava fazendo de errado. Nunca obtinha resposta.

Tratado sobre o certo e o errado

Não sou otimista. Sempre que alguma coisa está muito boa na minha vida, sempre que estou feliz, fico pensando no quão desesperador seria perder isso, e eu sempre perco. Cedo demais. Fui sincera desde o começo. E você, ignorando minha nobre atitude, só mentiu. Aceitei suas mentiras. Acolhi-as, como uma mãe acolhe um filho. Fingi não ver a guerra fria que estava bem diante de mim. Não fugi. Não chorei. Sequer pensei em maneiras de mudar minha situação. Me cedi a você. E o que recebi em troca? Um punhado de desapontamentos e cortes profundos em minha carne, em meu cerne. Eu fiz do seu jeito. E sei que vou continuar fazendo, independente do quanto eu me esforce para cortar meu coração em vários pedaços para que ele não se reconstrua, e não recorra à você. 
 Por que tem que me curar, todas as vezes? É prazeroso me destruir, de novo e de novo e de novo? 
 Ótimo, que façamos como você quer, então. Tenha seu prazer, me faça sentir dor, mas mate-me depois.
 Temos um acordo?