domingo, 27 de março de 2011

Tardes de domingo

Somos dois malditos, presos um ao outro por correntes inquebráveis. Quando eu digo que te conheço melhor do que você mesmo, é verdade. Te conheço melhor do que a mim. E toda essa loucura em que nós vivemos, todos esses pequenos momentos de música, álcool e sexo só mostram que não há mais nada a fazer, é melhor desistir de ficar longe, porque nunca vamos conseguir. Fomos designados um ao outro. Por culpa de terceiros, estamos assim, ligados. Nenhum de nós tem o que quer, é por isso que temos um ao outro. Solidão. Necessidade. Compreensão. Nos enchemos de tesão, nos completamos, fazemos exatamente o que esperamos um do outro. Fazemos surpresas. Escondemos o que sentimos e pensamos às vezes. Gritamos verdades, nos matamos, choramos. É por isso que você me ama. Você precisa de mim.

sábado, 26 de março de 2011

Das súplicas

Esperando por mais um corte ou uma queda definitiva, apodreço nesse poço de lembranças, sonhos e mentiras, como uma criança mimada, uma doce solitária enclausurada em seu próprio inferno. Luto guerras que não são minhas, sinto dores que não me pertencem e corro atrás de sonhos que não são meus. A troco de que, meu Deus, fazes isso comigo? Qual pecado capital cometi para receber tamanho tormento, tamanho castigo?
  Por que tenho que sentir tanto?
  Deixe-me viver somente minha vida, querido carrasco, tire todas essas pessoas de dentro de mim. Pare de me esticar, de me testar ao máximo, de extrair cada gota de suor e de súplica do meu mais íntimo desespero. Deixe-me participar da vida sem estar dentro dela, deixe morrer em mim o desejo de morrer, deixe-me morrer.
  Só lhe imploro, querido diabo, deixe-me ser, somente sendo.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Um pequeno fato sobre a autora

Acho que sou bastante forte para sair de todas as situações em que entrei, embora tenha sido suficientemente fraca para entrar”
Caio Fernando Abreu 

domingo, 20 de março de 2011

É claro que você não me quer. O fato de eu não estar afim de transar com você já se torna um excelente motivo pra afastamento.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Uma verdadezinha

Você não consegue matar sua fome. Nem bebida, nem comida, nem mesmo sexo preenchem o vazio, porque, por dentro... Você já morreu.

terça-feira, 15 de março de 2011

Me diga, por que mereço morrer? Os males foram grandes, é verdade, mas não foram tão exagerados. Nada que um pouco de sangue não resolva. E, claro, um pouco de dor.
Qual vai ser o tamanho do seu sacrifício?
 Por que, caro carrasco, eu mereço mesmo morrer?
 Qual a utilidade de tal morte?
 É tanto ódio... Tão frágil, tão sensível. E enquanto você se passa por brinquedinho social, a matança começa, incontrolável, insaciável.
 Vamos jogar pôquer com a morte?
  E o que apostaremos? Nossas vidas e nossas almas são insignificantes demais, ela jamais aceitaria isso.
  Dinheiro? Puft.
  O que poderia ser então?
 Ah.
 É óbvio.
 É aí que a dor entra.
 Quanto sangue será necessário?
 Oh, eu fiz tanta bagunça, eu sei! Desculpas não vão adiantar, não vão resolver o problema, não irá devolver ou purificar o seu sangue, mas não consigo evitar, minha boca tem vida própria, esqueceu-se de mim.
  Então, acha que poderia tomar tamanha ousadia como coragem, e perdoar-me? Sei que me acha insana. Sei que tentei fugir de toda essa insanidade, sem conseguir nada mais do que doses extras de dor. 
  Então, agora você fugirá de mim? Tem que entender, tem que fazer isso, e agora, antes que seja tarde, antes que seja amaldiçoado também. Antes que morra por dentro.
  Como eu.

domingo, 13 de março de 2011

"Eu quero chafurdar na dor desse ferro enfiado fundo na minha garganta seca que só umedece com vodca, me passa o cigarro, não, não estou desesperada, não mais do que sempre estive, nothing special, baby, não estou louca nem bêbada, estou é lúcida pra caralho e sei claramente que não tenho nenhuma saída, ah não se preocupe, meu bem, depois que você sair tomo banho frio, leite quente com mel de eucalipto, ginseng e lexotan, depois deito, depois durmo, depois acordo e passo uma semana a banchá e arroz integral, absolutamente santa, absolutamente pura, absolutamente limpa, depois tomo outro porre, cheiro cinco gramas, bato o carro numa esquina e ligo para o CVV às quatro da madrugada e alugo a cabeça dum pana qualquer choramingando coisas do tipo preciso-tanto-de-uma-razão-para-viver-e-sei-que-essa-razão só-está-dentro-de-mim-bababá-bababá e me lamurio até o sol pintar atrás daqueles edifícios sinistros, mas não se preocupe, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais autodestrutiva do que insistir sem fé nenhuma?”
(Caio Fernando Abreu)

sexta-feira, 11 de março de 2011

I like your smile, I like your vibe

  Eu queria tanto que você entendesse... Queria tanto que aceitasse. Não há nada que eu possa fazer por isso, porque eu jamais aceitarei essa opinião barata, ultrapassada. No fundo, tenho mesmo orgulho do que sou, do que estou me tornando. E a verdade é que você não aceita minha personalidade, não aceita que eu tenha personalidade.
  O que o futuro reserva para nós?
  Sinceramente, acredita mesmo que eu ficaria parada no tempo, como todos? Que eu não usaria minhas idéias para seguir em frente, que eu não seria honesta o tempo todo, que eu jamais deixaria ninguém me conhecer?
  Pobre pateta. Com todas essas idéias, você poderia ter nascido em outro planeta. Tão ridículo... Até eu, em meus adolescentes 17 anos, enxergo a besteira que está surgindo de todas essas conversinhas sem nexo. 
  De que adianta fugir? Vê, estou cortada, sangrando, e estou tão bem quanto você jamais estará um dia. É a certeza de que eu vou sim ter um futuro, uma vida, tudo o que eu quero, que faz seu ódio crescer, sua raiva, sua dor. Eu poderia colocar um universo de distância entre nós, que não seria suficiente. Mas estou tão cansada desses desabafos, tão cansada de nunca chegar a lugar nenhum, tão cansada de você, de todos vocês. 
  Se apenas tentassem parar de me mudar, se eu parasse de tentar me mudar...
 São carrascos demais, ceifadores demais. Chega de tirar minha vida, caros senhores, e chega de me transformar em cópia de vocês.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Where No One Knows

E você consegue tentar lutar tudo isso que você quer
Mas eu não estarei lá quando você estiver totalmente sozinho(a)
E essa nova estação traz consigo sinais de esperança
Você pode me deixar esperando no telefone

E eu sei que há
Algum lugar que eu posso ir
Onde, onde ninguém saiba meu nome

E eu continuo lembrando o som da sua voz
Embora todo o seu silêncio continue chamando tão claramente
Você acha que eu ligaria apenas para escutar seu suspiro?
Você sempre soube que apenas um mundo secaria todas as minhas lágrimas

E eu sei que há
Algum lugar que eu posso ir
Onde, onde ninguém saiba meu nome
Ninguém saiba meu nome
(Dallas Green)

segunda-feira, 7 de março de 2011

Um último pensamento

Tudo o que eu preciso está nesse pequeno vidro, aqui na minha mão. A minha tão desejada fuga, o meu mais intenso orgasmo, o meu maior amor, a minha mais louca paixão, a maior adrenalina,o exato ponto entre vida e morte. Mas o que eu queria, o que eu queria mesmo, não consegui encontrar.
Paz.
Por que ela não aparece nem mesmo no fim?
Uma pílula.
Mais uma.
O vidro acaba.
O que faço agora? Espero?
Como devo morrer? Deitada? em pé? De olhos fechados?
E a despedida, devo fazer uma?
Eu sinto muito. Fui fraca, e tola. Adeus.

domingo, 6 de março de 2011

   Tenho escutado seus gritos há tanto tempo... Não penso mais neles, acostumei-me, e assim tapei os ouvidos.
   Por que tudo parece mais alto agora?
   Há tanto para falar, mas ninguém para ouvir. Foi você que procurou isso, querido? Você que se jogou dentro desse abismo?
   E depois de tanto tempo tomando coragem para me contar, eu desistisse de ouvir sua história? E se depois de meses a fio suportando a dor, você finalmente morresse?
   Qual seria o preço da sua derrota?
   Palpites, palpites. Damos os nossos como lances num leilão, esquecemos a sensatez como num jogo com cartas marcadas. E enquanto eu te enlouqueço com minhas perguntas, o apocalipse queima o mundo lá fora, apagando todas as memórias, todas as insanidades. Me pergunto se nossos corpos serão os últimos a perecer e nossas almas, as primeiras mandadas ao inferno. Mas, honestamente, faz diferença? Já nascemos condenados. Já sabemos o nosso destino. E o aceitamos.
   Como porcos indo para o abate.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Pain game

    Eu não tenho sido uma boa menina? Uma boa aluna? Tenho feito tudo o que mandastes e aprendido tudo o que ensinou. Te dei meu sangue de bom grado, junto com meu cérebro e meu coração. E nada pedi além de mais regras, de mais ordens.
    Por que me abandonaste assim?
    A morte me aguarda, querido, e vou para o inferno com toda a sujeira que você deixou. Que belo futuro... Com estes pulsos cortados e essa alma sangrenta, nada posso esperar além de dor, e desespero. Condenação eterna por um erro de poucos minutos.
    Quanta insanidade! Quanta estupidez! Não importa o quando eu fuja da realidade, no fim, ela vai me alcançar, e então pagarei por todos os meus pecados, e todas as minhas bençãos serão banidas, ou pior, esquecidas. Não importa o quanto eu me esforce, vou continuar aqui parada, insegura, indecisa, esperando alguém me dizer o que fazer.
    E você, sabe o que fazer?