domingo, 30 de janeiro de 2011

Perfeição

Eu queria que as pessoas vissem o que é perfeito de verdade. Queria que elas dessem um novo conceito à palavra.
A dor é perfeita. Você sente ela mesmo quando não quer, ela não te deixa, está do seu lado o tempo todo.
O ódio é perfeito. Ele te faz agir impulsivamente, te faz matar, te faz morrer.
A morte é perfeita. Ela acaba com todos os seus tormentos, te liberta de todas as suas maldições, te todos os seus pensamentos sufocantes, de toda a sua agonia.
A agonia, a propósito, também é perfeita. Ela te exaure completamente, te faz sentir até o último, não te dá descanso, é como um orgasmo duradouro. Um abismo que te leva direto para o fim. E fins são sempre perfeitos.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Pertences

É incrível como algumas coisas parecem ser suas desde sempre. A mim, por exemplo, sempre pertenceu a dor. Desde o começo, ela esteve de mãos dadas comigo, como uma amiga, uma doce irmã. A outros, pertencem pessoas, rostos, vozes. Emoções distintas. Amor incondicional.
Como isso soa falso...Como algo de fora pode ser tão meu, se nem eu mesma sou minha? Como posso doar-me para alguém, se não me entrego nem mesmo aos meus desejos?
Fugimos tanto de coisas que achamos que é errado, sem saber que a única coisa errada é fugir. Mas meus pés já sangram demais, e não posso mais correr.
Hora de encarar a realidade.
Quanta coisa, quantos problemas.
Uma dose generosa me cairia bem!
Primeiro, vai-se a melancolia.
Depois, a lucidez.
E então... Nada.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Você quer certezas? Pois então eu te dou milhares. Eu nunca vou deixar de te amar, e de me odiar. Eu  te aproximo da minha vida, e me afasto de mim mesma cada vez mais. Eu enlouqueço quando você me olha. Me excito com o seu toque. Sinto ânsia de ficar perto de você. Quero morrer quando está longe, ou quando me ignora, ou quando me lembra quão usada eu sou. E, pra completar as certezas que você tanto quer, saiba de uma coisa, meu bem: eu ainda preciso da porra da dor e do pedaço de morte que você, e só você, sabe me proporcionar.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Um pequeno diálogo

- Fala.
- Não.
- Fala!
- Mas você já sabe.
- Não, eu não sei. O que é?
- Você me deixa  louco.
- Por quê?
- Porque você sabe. Só você sabe.
- Então por que foge tanto?
- Porque eu te quero tanto, que se eu te tiver, tenho medo de não querer mais nada.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Aos meus queridos, com amor

Estou tão cansada de receber suas mentiras bem em cima de mim, como se fossem murros a esmagar minha carne. Tão cansada dessa falsidade e dessa ironia... Insensivelmente você mostra suas asas, e esconde os seus chifres. Pobre anjo caído, eu não quero mais te ouvir, eu não vou mais sentir-te aqui. Vou para longe, não quero ser encontrada, e não pretendo voltar.
Não rezes, não peça de volta o que você nunca teve. Não orgulhe-se do que você nunca viu ou nunca soube, não diga que ama aquilo que não existe. Não desconfie de estranhos. Não se inspire na dor. Há tanta coisa que você ainda não sabe... Tanta coisa que não entende. Essas palavras, por exemplo. Posso jogá-las, cuspi-las em cima de ti, que não notarás absolutamente nada. Tomará o seu café, como sempre, depois sairá e voltará apenas no outro dia, e me encontrarás, como sempre, empapada em meu próprio sangue. E por mais suja, por mais libertina e por mais anarquista que eu seja, não mereço morrer assim, sufocada dentro de mim mesma, presa nessa liberdade que me mata todos os malditos dias. Já não importa mais quem está do meu lado, porque me sinto como um fantasma em uma noite escura, sem ter onde me esconder de todos os olhares acusadores que as pessoas de bons costumes e caráter inegável lançam a mim. E, nas poucas vezes que devolvo os olhares, sinto nojo, porque estou ficando igual à você. Mesmo os traços da expressão já são parecidas. Mas tudo o que quero é o passado de volta, a minha inocência e minha tão amada verdade de volta. Não minta mais, não me use mais... Eu não vou suportar.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

I'm ready. I'm... fine

Os sentimentos estão aqui, a vontade está aqui, mas as idéias, não.
Como expressar-me, então?
Foda-se, como já ficou provado, ter opinião é pecado capital. Pior do que matar, é dizeres o que pensas, o que sentes. Cansei desses pólos tão opostos, tão extremos. Quero ficar no meio termo. Chega de usar, chegar de ser usada; chega de amigos que só mostram o lado belo das coisas, quando eu só sou horror. Não quero que me perdoe, quero apenas que me compreenda. Não posso mais fingir que estou bem, como todos vocês, que sou como vocês, porque eu não sou. Dói pensar, admitir, mas a mentira nunca me foi preferível. Preciso reaprender a respirar sozinha, a dar valor ao não-estilo, a ser mais indiferente, a amar direito. Eu não quero, e nem vou ser igual à vocês, e eu não tenho o direito de cobrar isso de mim mesma. Não é justo... Por que eu tenho que escolher um caminho só e perseguir ele até o fim, sem sequer espiar os outros? E por que tenho que estar acompanhada quando quero ficar sozinha, e sozinha quando quero ter alguém?
Eu não vou me desculpar por viver... Não vou seguir vocês como uma cabra segue fielmente seu pastor, eu não suportaria esquecer-me de mim. E não quero ser seguida, tampouco. Mudo de caminho e de idéia rápido demais para que qualquer um me acompanhe, e não diga que pode seguir o ritmo, porque não pode. Nem eu mesma consigo seguir o ritmo de minhas vontades. Não fique acusando todos os meus defeitos, eu sou a minha maior carrasca, e me castigo como ninguém. Ninguém me despreza mais do que eu, então não diga bobagens, não me admire, não me siga, não me odeie. Só fique longe, muito longe, até eu sentir falta.
Eu não vou sentir falta.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Aprendendo. E aprendendo, aprendendo...

Passo tanto tempo como observadora que esqueço que eu também posso ser observada. Não que isso vá acontecer. É apenas uma observação. Vejo as pessoas viverem suas vidas, o mais pobre do bairro conseguir alimentar seu filho e se sentir em paz, o mais rico internar sua filha com problemas de álcool e se sentir desesperado. Ouço as conversas berradas ao celular, desabafos no meio da  rua para desconhecidos, mendigos pedindo esmola, vendedores vendendo até o corpo. Ouço e vejo tudo, sem interferir na história, sem alterar seu significado. Sou apenas sua mui humilde contadora, apenas uma sombra no meio de tanta luz.
Mas não dá pra ficar assim o resto da vida... Quero ser a causa mortis, quero me meter em um monte de problemas, amar desesperadamente por dois minutos inesquecíveis, e depois nem lembrar-me de como isso aconteceu. Quero misturar-me na multidão e fazer parte de suas vidas, quero ter a minha vida, quero ter luz. Porque a sombra, a sombra some quando a luz acaba, vira fantasia no meio do nada, desaparece ao entardecer.   E eu, caros senhores desta corte, não desapareço, continuo observando, de longe, todos os passos, todas as falas, todos os olhares, criando minhas histórias, montando meus casais, fazendo minhas intrigas. Continuo invisível, fraca... Equipada apenas com um coração quebrado e uma mente ágil e perigosa, sustentada por fantasmas e um passado que destrói sempre que volta ao presente. E ele sempre volta.
Bem, o de todos voltam.
Então, diga-me, qual é a sua história? Grite, vamos lá, sou sua ouvinte, a mais atenta de todas, a mais parcial, a mais fiel. Conte-me tudo, e eu contarei a todos, do meu jeito, do meu olhar.
Está pronto para se arriscar?

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Desert Song

Bem depois de tudo, nos mentiremos outro dia, e apesar de tudo, nós acharemos algum outro modo para continuar através de cartilagem e fluído. E você veio para olhar, ou lavar o sangue?
Bem hoje à noite chegará algum dia? você fica gastando o resto de seus dias balançando só para o morto, enquanto eu posso te ver acordado qualquer hora em minha cabeça.
Então todos nós caímos?
Das luzes para o pavimento, da van para o chão, dos bastidores para o médico, e da Terra para o necrotério... Bem, todos caem, no final de tudo

domingo, 9 de janeiro de 2011

Uma mancha que nunca sai do lençol

Que vontade de te ter aqui de novo... sentir seu peso morno em cima de mim, ouvir as batidas do seu coração, te olhar até cansar, sentir o cheiro da sua pele, te tocar, ser tocada por você. Que vontade de ouvir você falar bobagens, e te beijar só pra você calar a boca, e rir depois. Que vontade de poder dizer "eu te amo" bem perto do seu ouvido, e de pensar na dor que vai vir depois, quando eu sei que não ouvir isso de você. Que vontade de te apertar inteiro, te morder inteiro, de mover montanhas por você. 
Mas no fundo eu sei, eu sei querido, que eu quero a dor que me causas o tempo todo. A dor que me causa quando me despreza, é o que faz com que eu busque você. A dor que eu sinto quando te vejo com outras é o que me faz querer ser a única. Como é bom ser odiada por você, meu amor. Como é bom eu me odiar por você.
E então eu busco mais, e mais, e mais. Chego ao ápice, enquanto você só observa. Sente seu poder. Aproveita-o. Joga-o em mim. Faz de mim o que quer, e eu quero que você mande tudo. Preciso cada dia mais da dor que você me proporciona, preciso cada vez mais dessa agonia gigantesca que me consome quando estamos juntos. E preciso do medo, de te perder, e de ter você. Me dê toda a dor do mundo... Me faça querer nunca ter nascido, me faça querer morrer sucessivamente, por dias e dias, não deixe o efeito passar.
Então, consegue ver o quanto eu amo você?

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

E então, o dia finalmente chega! A marcha nupcial começa a tocar, mas para ele, era uma marcha fúnebre. Ela entra, deslumbrante em um vestido branco de cetim, e sorri pra todos, com indulgência. Ele, a máscara da morte, também sorri, de ódio. Ela olha para frente, para ele. Manipuladora. Vingativa. Enquanto todos dormiam, ela, somente ela, conseguira vencer, enganar a todos. E ele, tão solitário em sua dor, não percebera tal fato. E, tampouco, não viria alguma bela heroína salvá-lo, aquilo não era um conto de fadas, era o fim da sua vida, era real.
E todos se perguntavam, por quê? O que buscas, jovem rapaz, traçando caminho direto à dor? O que esperas com seu sacrifício?
Diga, diga em voz alta, grite, solte seus pulmões.
Se ao menos todos soubessem, se ao menos ele próprio soubesse... Poderia atirar-se de uma vez naquele penhasco. Mas o penhasco dentro de si próprio era profundo demais, e não havia como sair dele para mergulhar em outro. Paranóia. Era o placebo de novo, piorando tudo, tornando as coisas mais intensas do que o normal. Espreitava paredes à procura de coisas que não existiam, corria contra o tempo, sem saber porque estava com tanta pressa. Fugia de vozes que eram mudas à todos os outros, sangrava cortes que não estavam abertos. Hemorragia interna, é o que diziam. Ela dizia que era loucura. Ele dizia que eram sonhos.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Eleven

Queria chegar a lugar nenhum, me afogar nos braços de ninguém, e me preencher de nada. Queria dormir no limbo, sussurrar para surdos, mostrar-me para cegos. Queria fazer uma lobotomia e tirar todos os meus sentidos, queria não ter coração, queria não ter corpo. Queria olhar ao redor e ver mais do que essa maldita hipocrisia.
Mas não há nada além dessa hipocrisia.
Então, o que ainda estou esperando?
Tenho a arma.
Tenho as balas.
Tenho a coragem.
Por que ainda estou aqui?
O pensar, o pensar me enlouquece. Não consigo suportar a ideia de ficar longe dos meus pensamentos, das minhas ideias. Não aguento pensar em não pensar. Preciso pensar, pensar me faz respirar, pensar me alimenta. Preciso de ideias, preciso ter certeza que elas existem, preciso delas aqui. 
Se ao menos eu tivesse a certeza que elas não me abandonariam, se eu apenas soubesse.
"Pequena covarde, pequena covarde, você foge do seu destino, você foge da sua paz, hahahaha"
Inferno maldito, eu não consigo suportar, eu preciso de ar, eu preciso não me salvar. Preciso queimar meu cérebro, derretê-lo, fazê-lo sentir um pouco do horror que ele me faz sentir o tempo todo. Quero-o morto, dilacerado, espalhado pelo chão.
Depois, quero cada nervo fora de mim, e longe, para não cair na tentação. Não quero movimentar-me, as ideias não precisam de movimentos, apenas existem, como um todo baseado no nada.
E agora, eu posso ter o meu nada?

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

... And did it my way



E agora, o fim está perto
E então eu encaro a cortina final , ha ha ha
Sua buçetuda, eu não sou um viado
Eu explicarei minha causa, do qual eu estou certo

Eu vivi uma vida que foi cheia
E cada e toda estrada
E ainda, e muito mais do que isso
Eu fiz do meu jeito

E sim, eu tenho tido um pouco
Mas então de novo, muito pouco para mencionar
Mas descubra, o que eu tenho de fazer
Eu vi tudo até o fim sem nenhuma devoção

Daquilo, tenha cuidado e só
Seje cuidadoso ao longo da estrada
E mais, e muito mais que isso
Eu fiz do meu jeito

Houve vezes, Que eu tinha certeza que você sabia
Que não havia porra nemhuma para fazer

Mas até o fim de tudo , Quando havia dúvidas
Eu gritei, ou chutei pra fora
Eu lutei na guerra,e no mundo
E fiz do meu jeito

Chapado na cama ontem à noite
Eu tenho tido meu abastecimento, minha divisão de roubos
E agora as lágrimas diminuem
Eu achei tudo tão divertido

Pensar, eu matei um gato
E eu posso dizer, oh não, não é o seu jeito
Mas não, não, não eu
Eu fiz do meu jeito

Para quem é um moleque, O que ele tem conseguido
Quando ele encontra o que não pode
Dizer as coisas que ele realmente pensa
Mas apenas as palavras, Não o que ele sente

As gravações mostram, Eu não tenho roupas
E eu fiz do meu jeito

(My Way, Sex Pistols)