quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Eleven

Queria chegar a lugar nenhum, me afogar nos braços de ninguém, e me preencher de nada. Queria dormir no limbo, sussurrar para surdos, mostrar-me para cegos. Queria fazer uma lobotomia e tirar todos os meus sentidos, queria não ter coração, queria não ter corpo. Queria olhar ao redor e ver mais do que essa maldita hipocrisia.
Mas não há nada além dessa hipocrisia.
Então, o que ainda estou esperando?
Tenho a arma.
Tenho as balas.
Tenho a coragem.
Por que ainda estou aqui?
O pensar, o pensar me enlouquece. Não consigo suportar a ideia de ficar longe dos meus pensamentos, das minhas ideias. Não aguento pensar em não pensar. Preciso pensar, pensar me faz respirar, pensar me alimenta. Preciso de ideias, preciso ter certeza que elas existem, preciso delas aqui. 
Se ao menos eu tivesse a certeza que elas não me abandonariam, se eu apenas soubesse.
"Pequena covarde, pequena covarde, você foge do seu destino, você foge da sua paz, hahahaha"
Inferno maldito, eu não consigo suportar, eu preciso de ar, eu preciso não me salvar. Preciso queimar meu cérebro, derretê-lo, fazê-lo sentir um pouco do horror que ele me faz sentir o tempo todo. Quero-o morto, dilacerado, espalhado pelo chão.
Depois, quero cada nervo fora de mim, e longe, para não cair na tentação. Não quero movimentar-me, as ideias não precisam de movimentos, apenas existem, como um todo baseado no nada.
E agora, eu posso ter o meu nada?

Um comentário:

  1. A CONCIÊNCIA PARECE SER UMA LÂMINA QUE CORTA A CARNE,QUE RASGA, QUE FERE...A PONTO DE NÃO QUERERMOS UM CORPO,DE DESEJARMOS NÃO DESEJAR.

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