sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

E então, o dia finalmente chega! A marcha nupcial começa a tocar, mas para ele, era uma marcha fúnebre. Ela entra, deslumbrante em um vestido branco de cetim, e sorri pra todos, com indulgência. Ele, a máscara da morte, também sorri, de ódio. Ela olha para frente, para ele. Manipuladora. Vingativa. Enquanto todos dormiam, ela, somente ela, conseguira vencer, enganar a todos. E ele, tão solitário em sua dor, não percebera tal fato. E, tampouco, não viria alguma bela heroína salvá-lo, aquilo não era um conto de fadas, era o fim da sua vida, era real.
E todos se perguntavam, por quê? O que buscas, jovem rapaz, traçando caminho direto à dor? O que esperas com seu sacrifício?
Diga, diga em voz alta, grite, solte seus pulmões.
Se ao menos todos soubessem, se ao menos ele próprio soubesse... Poderia atirar-se de uma vez naquele penhasco. Mas o penhasco dentro de si próprio era profundo demais, e não havia como sair dele para mergulhar em outro. Paranóia. Era o placebo de novo, piorando tudo, tornando as coisas mais intensas do que o normal. Espreitava paredes à procura de coisas que não existiam, corria contra o tempo, sem saber porque estava com tanta pressa. Fugia de vozes que eram mudas à todos os outros, sangrava cortes que não estavam abertos. Hemorragia interna, é o que diziam. Ela dizia que era loucura. Ele dizia que eram sonhos.

Um comentário:

  1. Fiquei tonto ao ler o texto,mais tarde vou voltar a ler,pra ver se consigo perceber melhor,o sonho louco que você narra.

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