quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

É.

Não quero mais ser seduzida pelas palavras. Elas sempre me alcançam, não importa o quanto eu fuja. É insuportável vê-las o tempo todo, saber que mesmo as palavras erradas sempre rimam, numa rotina que vai até o fim dos tempos. Não quero que elas escrevam mais como me sinto, não quero que ela mostrem como penso, não as quero, pura e simplesmente assim. Não quero lê-las, não quero falá-las, não quero pensá-las, não quero senti-las. Quero que ela morram, ou que eu morra, mas sem elas a ditar minha morte, meu epitáfio, meus breves anos aqui na Terra.  Deixe-as longe de mim, porque em todo esse maldito tempo, elas só me machucaram, formando seus exércitos de frases mortais, gritando no meio do silêncio verdades mentirosas. Dando-me doenças e tirando-me escrúpulos, caindo dos meus sonhos mais loucos para essa droga de mundo real que elas construíram. Eu odeio as palavras. Cada uma delas. Quero torturá-las, fazê-la sentir dor, causar todo o tormento que me causam todos os dias, todos os minutos. Quero calá-las, abortá-las, eu... já não sei mais o que falar.
Malditas palavras, que me abandonam quando preciso delas.

Um comentário:

  1. È maravilhoso quando conseguimos inverter a ordem das coisas,assim como você fez, no texto do texto.

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