domingo, 1 de agosto de 2010

Sea change... She strange...

-ESPERA!
Ela gritou, ele ouviu e parou. Não olhou para trás, mas ela teve a certeza que ele ouvia. A dor que emanava dele era visível, quase como fumaça. Qualquer ato ou fala poderia desabar tudo, destruir toda a estabilidade de uma vida.
-Eu sei como é.
-Não, não sabe não!
Agressivo, impulsivo, irônico, bêbado. Péssima combinação.
- Ah, eu sei sim. Você sente que vai morrer sangrando de dor. Sente que já caiu,que não tem sentido em nada do que vê. E isso não vai passar. Nunca.
-O que você sabe sobre isso? Você é uma covarde! Acha que essas palavras vazias vão ajudar? Pois não vão. NÃO VÃO.
Calma, muita calma.
- Eu realmente, realmente sinto muito que tenha que passar por isso. Você não entende...
- O que é que eu não entendo? Eu não sou você. Não vou cometer os mesmos erros. Eu vou encarar, eu vou aguentar.
-Não, você não vai! Pode falar isso agora, mas não vai ser forte; ninguém é tanto assim.
- POIS EU VOU SER!
Ela chegou perto. Tirou uma faca do bolso. Cortou seu pulso.
-Me diga, agora: O que dói mais?
Ele não respondeu, mas ela já sabia a resposta. Tantas lágrimas desperdiçadas, tantas decepções guardadas, tudo jogado na rua, para todos e para ninguém. Quem poderia entender? Ninguém! Nada é paralelo, nada tem conserto. Um coração quebrado não ´pode ser reparado, não importa o tempo. Aliás, o tempo é aquilo que nos mata.
E ele chorou. E falou. Gritou tudo o que precisava, xingou todos os deuses do universo, crucificou-se, culpou-se, culpou-a. Entregou-se à dor sem dela precisar, sem conhecer totalmente as consequências. Mais um desesperado no mundo, mais um peso morto, alguém que dorme com a esperança de não mais acordar. E não importa quantos cortes ele faz, não importa quanta dor física ele tenha, ela nunca é suficiente. Nada nunca é suficiente.
Já é hora de morrer?

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